No dia 21 de maio, nosso site completará três anos de existência! Vinculado ao POSLETRAS, da UFOP, o site Vai um linguista aí? está ativo na internet, persistindo em sua jornada de popularizar os estudos da Língua. Nosso propósito é o de que, futuramente, todas as camadas da sociedade, independente de seu grau de alfabetização ou especialização, possam saber o que é a Linguística, o que faz um linguista e de que maneira o pesquisador desta área contribui para a sociedade e para o entendimento do mundo.
Essa data também é o Dia do Linguista, então temos dois motivos para comemorar! Aqui em nosso site, escrevemos diversos artigos que nos explicam sobre os fenômenos da Língua ou como resolver problemas relacionados a ela, a partir da visão da linguística. Porém, ainda não falamos sobre o pesquisador enquanto profissional – qual caminho ele trilhou? Como é a profissão dele? Com quais organizações ele tem que lidar? Neste artigo falaremos sobre a vida do pesquisador em homenagem ao aniversário do site e ao Dia do Linguista.
Onde ele trabalha?
Antes de mais nada, o pesquisador precisa estar vinculado a uma instituição de pesquisa científica para exercer o seu trabalho. Também precisa ter grande conhecimento em sua área e um projeto de pesquisa para ser desenvolvido a partir de uma metodologia com testes, procedimentos e conclusões.
Para desenvolver experimentos e a pesquisa em si, é preciso formular o problema e o modo de resolvê-lo; coletar os dados e analisá-los. Após buscar o conhecimento existente na área, ele irá tirar conclusões e apresentar soluções. Por fim, o pesquisador irá detalhar o que poderia ser feito em uma pesquisa posterior, que continuará a partir do ponto final de sua própria pesquisa.
Dessa forma, são desenvolvidos conhecimentos sobre métodos científicos, pesquisas, teorias e aprendizagem de técnicas. Como resultado, o pesquisador ajuda a desenvolver diferentes áreas necessárias para a vida em sociedade; criando e exportando invenções capazes de melhorar as nossas condições, salvar vidas e descobrir soluções para problemas complexos.
Em que lugar ele trabalha exatamente?
Por meio de concursos, um pesquisador precisa ingressar em uma instituição pública para realizar sua pesquisa, à qual estará vinculado. Nessa categoria estão incluídas as universidades federais (USP; UFMG; UFOP; etc.) e os institutos federais (IFMG; IFSP; IFMA; etc.).
As instituições públicas são a primeira e principal opção a se pensar sobre o local de trabalho do pesquisador, já que elas costumam dar mais espaço às produções científicas. Também é comum, nas universidades públicas, que o pesquisador também seja professor. Assim surge a carreira do pesquisador-docente, ou seja, o pesquisador que também é professor universitário, cujos alunos são chamados de “discentes”. Os alunos também podem ser chamados de “pesquisadores em formação” se estiverem aprendendo a pesquisar em alguma Iniciação Científica (falaremos dela em seguida).
É possível também seguir a carreira de professor em universidades particulares como mestre ou doutor e até mesmo em empresas. Porém, o pesquisador estará submetido às regras particulares daquela instituição, que funciona como uma empresa. Outra possibilidade é seguir carreira como pesquisador em locais de pesquisa públicos como a EMBRAPA; a Petrobras; o IBGE; e da área militar como a Marinha.
Mestre e doutor são duas das titulações essenciais que um profissional da pesquisa precisa ter para exercer seu trabalho. Elas são adquiridas mediante cursarmos respectivamente o mestrado e, em seguida, o doutorado (falaremos mais sobre elas em breve). Contudo, a carreira de pesquisador pode começar ainda antes do mestrado na graduação, como veremos a seguir.
Iniciação científica
A primeira pesquisa de um pesquisador até poderia ser a monografia – uma pesquisa a ser realizada ao fim de uma graduação para obter o tão sonhado diploma do curso escolhido. Porém, dentro das instituições de ensino onde trabalha o pesquisador, existe um programa chamado ‘iniciação científica’ que adianta esse processo.
O programa faz grande diferença para que o pesquisador tenha uma boa introdução, como um despertar para a carreira. A iniciação científica visa selecionar alunos da graduação na Universidade para realizar um projeto de pesquisa que resultará em um relatório de pesquisa que pode servir de base para um artigo ou uma apresentação de trabalho, sob a supervisão de um professor-orientador experiente no ramo e assuntos pesquisados.
A iniciação científica promove o aprendizado para lidar com as adversidades que um trabalho científico pode trazer para o dia a dia. Afinal, ao participar do desenvolvimento do projeto, aprende-se a lidar com o problema da pesquisa e a encontrar caminhos diferentes para a sua resolução.
Sendo assim, a iniciação científica é uma excelente oportunidade durante a graduação, visto que desperta a vocação para a área científica nos estudantes e promove a descoberta de novos talentos.
Essa oportunidade deve ser aproveitada principalmente por quem deseja trabalhar na área de pesquisa/docência, se tornando, futuramente, um professor-orientador (mestre ou doutor).
Além disso, participar de um projeto de IC irá tornar mais fácil a escrita da monografia ao fim do curso, pois o aluno já estará familiarizado com todo o processo que envolve uma pesquisa.
Quais passos seguir para participar de um a iniciação científica?
É preciso primeiramente buscar informações em sua universidade e descobrir quais são as modalidades e recursos disponíveis. Depois, pode-se tentar descobrir quais alunos já desenvolveram pesquisas, entrando em contato com eles, a fim de saber mais sobre como todo o processo funciona, quais são as possibilidades e as linhas de pesquisa.
Outra forma de saber detalhes é procurando diretamente os professores da graduação. Afinal, os orientadores são pesquisadores/professores da própria instituição. Sendo assim, é uma boa ideia entrar em contato com os docentes das disciplinas com as quais mais se identifique e saber se eles têm alguma pesquisa em andamento ou desejam submeter uma.
Mestrado
Mestrado é um grau acadêmico recebido por um indivíduo que é concedido por uma instituição de ensino superior e que vem depois de concluída a graduação. O mestrado é considerado um curso de pós-graduação que possui de 2 a 5 anos de duração (idealmente, deve ser concluído em 2 anos).
Durante o mestrado, o aluno irá cursar algumas disciplinas para desenvolvimento de suas habilidades e conhecimentos, porém, são de número bem menor em comparação com a graduação. Isso porque o foco do curso é no andamento de sua pesquisa, que resultará na dissertação de mestrado. Geralmente, a dissertação de mestrado é mais extensa que a monografia e também mais especializada em um assunto particular, embora a estrutura genérica e os passos da pesquisa sejam basicamente os mesmos.
Ao completar o curso de mestrado, o indivíduo recebe o título de mestre na área específica que foi estudada. Para concluir o curso, o estudante deve apresentar uma dissertação sobre determinado tema de interesse para o desenvolvimento da área escolhida. A dissertação também deve ser defendida em uma apresentação para uma banca de juízes (por norma, professores doutores de uma universidade), que avaliarão o trabalho e concederão a nota final.
Na hierarquia dos graus acadêmicos, o mestrado está após a licenciatura ou bacharelado e antes do doutorado:
1- licenciatura ou bacharelado |
2 – mestrado |
3 – doutorado |
4 – pós-doutorado |
Em alguns países, como em Portugal, o mestrado é um grau acadêmico que é incorporado aos cursos de licenciatura. Com o Processo de Bolonha (acordo que estabelece o Espaço Europeu de Ensino Superior), os estudantes de licenciatura recebem o título de mestre automaticamente, assim que terminam os seus estudos, pois o curso de mestrado é integrado ao de licenciatura.
Doutorado
O doutorado é uma pós-graduação cursada após a conclusão do mestrado. A duração média do doutorado é de quatro anos. Para ingressar, é necessário se candidatar a um processo seletivo que consiste em análise curricular (Lattes do pesquisador, falaremos sobre ele mais adiante), e fazer a submissão de um projeto de pesquisa sujeito à aprovação e entrevista com avaliadores.
Se aprovado, o doutorando passa a cursar disciplinas específicas do curso escolhido e a desenvolver, com o apoio de um orientador, o projeto de pesquisa, aquele apresentado durante o processo seletivo. No final do doutorado, o projeto se transforma em uma tese inédita e é avaliado por uma banca examinadora.
Essa tese é o documento resultante do curso, assim como temos a monografia na graduação e a dissertação no mestrado. Sua estrutura genérica é similar a da dissertação. A diferença é que a tese possui extensão maior que a dissertação (já que levou quatro anos para ser concluída) e sua colaboração para a área de estudo deve ser mais relevante.
O tema pesquisado no doutorado é de importância central para a identidade acadêmica e profissional do pesquisador. É ele que diz “quem você é” ou “qual o seu papel” na área específica escolhida.
Pós-doutorado
Já o pós-doutorado, ou pós-doc, é uma etapa da formação acadêmica destinada a pesquisadores com título de doutor que desejam continuar sua pesquisa na universidade. Diferente dos cursos de mestrado e doutorado, o pós-doutorando não cursa disciplinas, ficando mais livre para desenvolver sua pesquisa. O pós-doutorado é o momento onde os pesquisadores continuam seu amadurecimento na academia, contribuindo para a ciência e produzindo materiais baseados em suas investigações, como artigos.
O ingresso no pós-doutorado, assim como no doutorado, acontece por meio de um processo seletivo. Um ponto importante é que não há um grau após a conclusão do pós-doutorado, depois do término. Assim que ele é finalizado, o pesquisador permanece com o título de doutor.
É importante destacar que o pós-doutorado não é um curso, mas sim um estágio da pesquisa. Nele o aluno não frequenta aulas e não irá obter um diploma após sua conclusão. No entanto, as oportunidades de pós-doutorado costumam ser vinculadas aos programas de pós-graduação da instituição onde são oferecidos. Os supervisores aos quais o pesquisador irá submeter seus relatórios também costumam ser professores credenciados nos programas de uma instituição, com título mínimo de doutor.
A duração de um pós-doutorado não é fixa, podendo variar de meses a anos. A média de duração no Brasil, porém, é de dois anos. Essa média de tempo está diretamente relacionada ao período no qual o aluno pode receber uma bolsa de pesquisa nesse estágio acadêmico, limitando o tempo em que os pesquisadores podem desenvolver suas pesquisas com apoio financeiro. As agências de fomento CAPES e CNPq (falaremos sobre elas adiante) oferecem bolsas de pós-doutorado com atribuições diferentes:
Pós-doutorado da CAPES – O Programa da CAPES oferece bolsas para a realização de estudos avançados fora do Brasil, posteriores à obtenção do título de doutor, e destina-se a pesquisadores ou docentes com menos de oito anos de formação doutoral e que não possuam vínculo empregatício.
Pós-doutorado da CNPq – o programa consiste na realização de atividades de pesquisa e colaboração junto ao grupo para o qual o pesquisador for selecionado e é dirigido a pesquisadores com até 7 (sete) anos de doutoramento (a exigência de tempo de doutoramento pode se alterar em função de regras específicas das agências de fomento).
Currículo Lattes
No currículo Lattes de um pesquisador, encontramos sua trajetória profissional, com ênfase em sua vida acadêmica. O Lattes mostra as produções, áreas de atuação e experiência de pesquisa em ciência e tecnologia. É como se fosse o Curriculum Vitae do pesquisador, com a diferença de que este possui uma plataforma online específica para seu cadastro e utilização; alteração e busca de outros currículos LATTES de outros pesquisadores (http://lattes.cnpq.br/).
Apesar de ser um currículo indicado para profissionais na área de pesquisa acadêmica, nada impede que possa ser feito por qualquer pessoa. Mesmo porque muitas empresas vêm solicitando este tipo de currículo. Os programas de pós-graduação podem contar com o sistema Lattes para avaliar docentes e discentes a partir de seu currículo, avaliando produtividade e relevância a fim de direcionar seus subsídios a determinados projetos e instituições.
A plataforma Lattes possibilita consultas de qualquer lugar que estiver e faz com que a produção do tenha mais visibilidade. Isso promove um maior intercâmbio entre pesquisadores e grupos de pesquisa. No Lattes é possível registrar outros pesquisadores que fazem parte de algum projeto, bem como orientadores e colegas da área que tenham trabalhado juntos.
O sistema Lattes é referência em armazenamento de dados, cruzamento de informações e de cadastrados. O sistema se tornou parte cotidiana do trabalho daqueles que estão engajados em pesquisa e docência em instituições de ciência e tecnologia. Também faz parte do cotidiano de quem se envolve com agências de fomento à pesquisa, ou seja, agências que financiam as pesquisas.
É uma ferramenta importante também para que se possa avaliar o trabalho da pessoa cadastrada enquanto pesquisador, já que todas as informações relevantes sobre sua carreira e suas produções devem constar nesse sistema.
O Lattes também é a porta para a avaliação para conseguir suporte financeiro no meio acadêmico. Os órgãos de fomento de maneira geral costumam consultar o Lattes do candidato para avaliar sua produção científica, um passo essencial para esse processo. Sendo assim, ele é necessário também para a obtenção de bolsas de pesquisa, participação em projetos acadêmicos e participação em eventos científicos. Por falar em órgãos de fomento, vamos conhecer alguns deles agora.
CNPq
Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, fundação pública vinculada ao Ministério da Ciência, tem como principais tarefas fomentar a pesquisa científica, tecnológica e de inovação e promover a formação de profissionais qualificados para a pesquisa em todas as áreas do conhecimento.
Para atingir seu objetivo, o CNPq organiza suas atividades de diversas maneiras. Uma delas é o inventário de grupos de pesquisa existentes no Brasil, que ficam organizados em uma plataforma do conselho.
O Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq é uma base de dados que busca incluir todas as atividades permanentes de pesquisa em universidades, institutos, laboratórios e outras organizações de investigação científica. A criação dos grupos não se dá pela plataforma: os grupos devem existir autonomamente para então serem incluídos lá.
Essa plataforma de grupos de pesquisa do CNPq serve diversos propósitos. Primeiramente, ela facilita o processo de visualizar o que está sendo pesquisado no Brasil, e por quem. Isso ajuda bastante quem está envolvido em pesquisa e precisa de informações referentes à sua área de investigação.
A concentração de todos esses dados em um só local também ajuda a dar um panorama da pesquisa que está sendo realizada no Brasil a cada momento. Não apenas os temas, mas também o financiamento, a quantidade e qualidade das pesquisas podem ser avaliadas de uma perspectiva maior com essa ferramenta.
Além disso, o registro dos grupos de pesquisa do CNPq em um só local também acaba tendo, de acordo com o órgão, “um importante papel na preservação da memória da atividade científico-tecnológica no Brasil”.
O que é a bolsa do CNPq?
Receber uma bolsa para pesquisa é o mesmo que ter um trabalho assalariado, com a diferença de que sem vínculo empregatício. O CNPq é uma das agências do nosso país que oferecem bolsas para subsidiar o trabalho de pesquisadores.
Como parte de sua missão, o CNPq oferece bolsas a pesquisadores, tanto com a finalidade de permitir que eles se capacitem quanto para a realização de pesquisas propriamente. Essas bolsas podem vir diretamente do CNPq para os pesquisadores, mas também podem ir para a organização à qual o pesquisador está associado (Universidades públicas ou privadas, por exemplo). Nesse caso, a organização repassa o valor da bolsa ao pesquisador.
Segundo o CNPq, o público-alvo dessas bolsas são “jovens de ensino médio e superior, ou em nível de pós-graduação, interessados em atuar na pesquisa científica”. Outro grupo alvo são especialistas que desejam atuar em pesquisa e desenvolvimento junto a empresas ou outros centros tecnológicos.
Há diversas modalidades de bolsas disponíveis. Elas incluem:
- Iniciação Científica Júnior, para alunos do ensino médio que queiram começar a fazer pesquisa;
- Iniciação Científica, para pesquisa durante a graduação;
- Mestrado, Doutorado e Doutorado-Sanduíche, para pesquisa de pós-graduação; diversas modalidades de bolsas de pós-doutorado, e finalmente
- bolsas de apoio técnico e atração de jovens talentos.
CAPES
A sigla CAPES significa Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Assim como o CNPq, ela também é vinculada a um ministério, ao Ministério da Educação (MEC). Sua função é fazer com que os cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado) possam se expandir e se consolidar cada vez mais no Brasil. Em comparação com o objetivo do CNPq, que é o de ajudar a desenvolver a pesquisa científica no Brasil, a CAPES tem foco mais direcionado a apoiar a formação de novos docentes mestres e doutores. São objetivos específicos diferentes mas que, no fim das contas, colaboram para o desenvolvimento da ciência em nosso país.
Outra característica que a diferencia em relação às outras agências federais e estaduais, como o CNPq, trata-se da Avaliação Quadrienal realizada pela CAPES em todos os cursos de pós-graduação do país a cada quatro anos. É a única entidade que tem o papel de descredenciar (na prática, o fechamento) os cursos que apresentam nota muito baixa de avaliação. A CAPES definiu uma escala de 1 a 5 para suas notas de avaliação e outra estendida, caso a instituição avaliada também possua excelência internacional, que vai de 6 a 7.
Como funciona a Avaliação Quadrienal da Capes?
Cada programa de pós-graduação deve prestar conta uma vez por ano relativo às atividades desenvolvidas pelo programa no Ano Base anterior. Isto é o que chamamos de Coleta CAPES. O fechamento dessas avaliações ocorre a cada 4 anos e é a Avaliação Quadrienal.
A busca pela melhoria do conceito CAPES de um Programa de Pós-graduação se dá por diversos motivos, sendo alguns deles:
Atingir o conceito 4 para um Programa de Mestrado permite que ele protocole um pedido de abertura de doutorado; |
O conceito 4 em um mestrado permite ainda a formalização de um PCI – Projeto de Cooperação Interinstitucional [Minter]; (explicar) |
O conceito 5 em um programa de Doutorado possibilita o protocolo de um PCI – Projeto de Cooperação Interinstitucional [Dinter]. (explicar) |
Sobre as bolsas CAPES
Diferentemente das bolsas do CNPq, as bolsas de pesquisa da CAPES são exclusivamente institucionais. Elas são primeiro distribuídas às instituições de ensino superior (IES), que repassam aos alunos por meio de processo seletivo, ou seja, a Capes não possui um processo de seleção próprio. Dessa forma, as bolsas de mestrado e de doutorado são distribuídas diretamente às instituições que possuem cursos de pós-graduação e que devem possuir nota igual ou superior a 3 na avaliação quadrienal da própria CAPES. Apesar disso, a CAPES é a responsável pelo pagamento da bolsa, que é realizado por meio de depósito diretamente na conta de cada estudante.
Para os alunos que desejam receber uma bolsa da Capes, é necessário que procurem a coordenação do curso de pós-graduação em que pretendem ingressar ou no qual acabaram de ser aprovados e se informar sobre o processo e requisitos necessários para obtenção da bolsa.
O pesquisador e a publicação
O ato de publicar é essencial para vida profissional de um pesquisador/professor, além de dar visibilidade às instituições envolvidas direta ou indiretamente no desenvolvimento do estudo. Cada artigo ou capítulo de livro publicado documenta em qual estágio o pesquisador está em sua carreira; com qual área e subárea está envolvido e quais os próximos passos de sua pesquisa. Em suma, aquilo que o pesquisador publica mostra à comunidade quem ele é e com o que ele estava trabalhando recentemente.
Assim sendo, é importante que as instituições de ensino, de pesquisa e de fomento científico continuem incentivando a publicar em revistas. Tais revistas são periódicos de publicação que se dedicam exclusivamente às investigações dos pesquisadores.
As revistas científicas têm conteúdos que se relacionam à ciência e às pesquisas e buscam publicar e disseminar novos conhecimentos através dos artigos, resumos e outros gêneros produzidos pelos pesquisadores. As revistas também acabam por enriquecer o currículo acadêmico de quem escreveu e publicou os artigos. Isso porque o pesquisador deve incluir toda publicação própria em revistas científicas no Currículo Lattes e em seu portfólio acadêmico, junto com as participações em eventos científicos e em projetos de iniciação científica, por exemplo. Consequentemente, espera-se que um pesquisador produza artigos regularmente. (divulgar os resultados é um passo de toda pesquisa, se não a ciência morre).
Mas como as revistas científicas escolhem quais artigos serão publicados?
No meio acadêmico, a revisão por pares é um processo utilizado na publicação de artigos e na concessão de recursos para pesquisas. Consiste em submeter o trabalho científico para ser avaliado por um ou mais doutores da área, que na maioria das vezes se mantêm anônimos ao autor. Esses revisores anônimos fazem comentários ou sugerem revisões no trabalho analisado, contribuindo para a qualidade do trabalho a ser publicado na revista em questão.
Os “árbitros” nas publicações são membros da comunidade científica usualmente designados por “avaliadores” ou “pareceristas”. No meio acadêmico, o processo pode ser conduzido de diferentes maneiras a depender do periódico ao qual o artigo foi submetido para avaliação. A forma mais comum envolve o anonimato parcial (apenas um dos autores ou dos revisores), mas em alguns casos nenhuma das partes é identificada para que possíveis conflitos de interesse sejam evitados (“duplo cego”).
As revistas científicas são geridas pelos pesquisadores/professores dos cursos de pós-graduação, sendo assim, cada uma delas está vinculada a uma instituição específica. Por exemplo, as revistas Caletroscópio e Entreletras são revistas vinculadas, respectivamente, aos programas de pós-graduação da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e da UFT (Universidade Federal do Tocantins).
E quais revistas científicas (periódicos) devo buscar?
As revistas são divididas por área de atuação e seus respectivos sites encontram-se na internet. É possível encontrar sites de periódicos científicos buscando no Google pelo tema do artigo que você quer publicar. Depois, verifique se algum site de algum periódico está aceitando artigos para publicação com o seu tema na ‘chamada para publicação’ de cada revista.
Figura 1: exemplo de busca no Google por revistas da área de ‘linguística aplicada’.
Caso encontre alguma revista com chamada para artigos com temática na qual sua pesquisa se encaixa, basta seguir os procedimentos requisitados pela revista para envio do artigo (formatação; resumo do autor, etc.). Os requisitos encontram-se listados no próprio site do periódico.
As revistas científicas, assim como os cursos de pós-graduação, também são avaliadas pela CAPES e cada uma possui uma classificação de avaliação. O sistema brasileiro de avaliação das revistas tem nome e se chama Qualis.
O Qualis, Qualis-Periódicos ou Qualis/CAPES, é um sistema brasileiro de avaliação de periódicos, mantido pela CAPES, que relaciona e classifica os veículos utilizados para a divulgação da produção intelectual dos programas de pós-graduação (mestrado e doutorado), quanto ao âmbito da circulação (local, nacional ou internacional) e à qualidade (A, B, C), por área de avaliação:
Alto impacto: A1, A2, A3 e A4: contempla periódicos de excelência internacional; |
Médio impacto: B1, B2, B3 e B4: abrange os periódicos de excelência nacional; |
Baixo impacto: C: abrange os periódicos de baixa relevância. |
A classificação é atualizada anualmente e, segue os critérios definidos pela CAPES como número de exemplares circulantes, número de bases de dados em que está indexado, número de instituições que publicam na revista, etc.
Pesquisador da área de linguística
Até aqui delineamos o caminho que deve ser percorrido para quem quer se tornar pesquisador – onde ele trabalhará e algumas agências com as quais ele deve lidar. Mas e quanto ao pesquisador de linguística especificamente?
A partir do que expusemos até aqui, o primeiro requisito seria passar pela graduação. Esta poderia ser uma graduação preferencialmente de Letras: licenciatura em língua portuguesa; em língua inglesa; bacharelado em tradução ou mesmo o bacharelado em linguística, apesar desta última se encontrar escassa no Brasil.
Como visto anteriormente, o aluno poderia procurar um professor quando estiver na graduação e se juntar à Iniciação Científica na área da linguística. Espera-se que o próximo passo seja então a monografia da graduação da área de linguística ou, pelo menos, relacionada. Em seguida, cursar um mestrado também na área de linguística e, caso o interesse continue, cursar o doutorado.
Os cursos de pós-graduação da área de linguística são mais facilmente encontrados em nosso país, diferentemente do curso de graduação. Futuramente, o aluno que começou sua jornada na iniciação científica de linguística se tornará um pesquisador profissional e trabalhará em alguma instituição que realiza pesquisas, como uma universidade ou mesmo trabalhando em alguma empresa como Google Tradutor, ou desenvolvimento de programas de Processamento de Linguagem Natural, como o ChatGPT.
Este é o caminho mais comum e esperado que o aluno interessado por linguística percorra. O que achou do caminho do linguista? Saiba que todos os artigos produzidos por esse site foram escritos por profissionais que seguiram este caminho e que agora compartilham sua experiência com você que acompanha nossos artigos.
Por falar nisso, caso você tenha ficado de fora de algum dos variados assuntos que discutimos ao longo desses três anos, aqui está um link para todos os nossos posts (LINK). Venha conferir que eu tenho certeza que você irá se identificar com os assuntos abordados em nossos artigos e quem sabe, se interessar por se tornar um linguista também!
Referências
https://querobolsa.com.br/revista/o-que-e-a-capes
https://inglesinstrumentalonline.com.br/blog/iniciacao-cientifica/