Entrevista com linguista: Prof. Adail
Conversamos com o Prof. Adail Sebastião Rodrigues Júnior, do Departamento de Letras da UFOP, sendo
Língua ágrafa: subst masc. Línguas que não possuem escrita. Nem todos os povos desenvolveram a escrita, logo, as línguas que não possuem esta forma são ágrafas. A língua é desenvolvida dentro de uma cultura, desse modo, de maneira geral, é este fator o que determina em antropologia cultural a definição de um povo como ágrafo, isto é, com uma cultura que não apresenta língua escrita. (Câmara Jr. 1968, p. 36)
Dialeto: subst masc 1. Uma forma de língua que tem o seu próprio sistema léxico, sintático e fonético, é usada num ambiente mais restrito que a própria língua. É um sistema de signos e regras da mesma origem que outro sistema linguístico considerado Língua, mas que é excluído das relações oficiais, do ensino de base e só se emprega numa parte do país, por exemplo, o picardo é um dialeto francês e o carioca é um dialeto brasileiro. 2. Dialeto Social, um sistema de signos e de regras sintáticas usado num determinado grupo social ou em referência a esse grupo. Esse sistema pode ser reduzido a unidades lexicais que, posto ao lado o valor afetivo, duplicam as unidades do vocabulário geral num determinado domínio. (Dubois, 1973, p. 184)
Dicionário: subst masc 1. Objeto cultural que apresenta o léxico de uma ou mais línguas sob a forma alfabética, podendo fornecer sobre cada termo informações como a pronúncia, a etimologia, a categoria gramatical, a definição, o exemplo de emprego e os sinônimos. Essas informações permitem ao leitor traduzir de uma língua para a outra ou preencher as lacunas que não lhe permitiam compreender um texto na sua própria língua 2. Obra que registra certa descrição do léxico de uma língua ou de muitas línguas postas em paralelo. Distinguem -se o dicionário monolíngue (trata de uma só língua) e o plurilíngue (trata de duas ou mais línguas). (Dubois, 1973, págs. 186 e 187)
Estilística: subst fem 1. Disciplina linguística que estuda a expressão da linguagem, isto é, a sua capacidade de emocionar e sugestionar. Distingue-se, portanto, da gramática, que estuda as formas linguísticas na sua função de estabelecerem a compreensão na comunicação linguística. A distinção entre a estilística e a gramática está assim em que a primeira considera a linguagem afetiva, ao passo que a segunda analisa a linguagem intelectiva. (Câmara Jr. ,1968, p. 142)
Gramática: subst fem 1. Gramática se entende muitas vezes como o nome de uma disciplina que procura estabelecer o que é “certo” e o que é “errado” na língua. É esse o sentido da palavra quando alguém diz que “essa forma do verbo ver é contra a gramática”, ou “a gramática manda usar o pronome depois do verbo”. Essa, assim como vimos, é uma gramática prescritiva (ou normativa). 2. Chama-se gramática um sistema de regras, unidade e estruturas que o falante de uma língua tem programado em sua memória e que lhe permite usar sua língua. Nesse sentido, gramática é parte do nosso conhecimento do mundo. Por exemplo, os falantes do português do Brasil têm em sua memória uma regra que diz que a palavra um pode aparecer antes de palavras como livro ou elefante, mas não antes de palavras como janela ou cabrita. Por isso, rejeitamos as sequências *um janela e *um cabrita, porque são formas que violam aquela regra. Nota-se que não aprendemos isso na escola, nem estudando gramática [no sentido 1]. A parte desse conhecimento que governa nosso uso da língua e que memorizamos sem nem perceber é denominada gramática internalizada. 3. Chama-se também gramática a descrição, feita por um linguista. Nesse sentido, pode ser um livro, mas é bem diferente das gramáticas escolares a que estamos acostumados. Em vez de receitar o que se deve ou não se deve dizer, registra como se fala realmente, retratando e sistematizando os fatos da língua. A esse tipo de gramática se dá o nome de gramática descritiva. (Perini, 2006. p.23)
Léxico: subs masc. 1. O vocabulário de uma língua. Todo falante de uma língua possui um determinado vocabulário que compreende as palavras que ele faz uso e as palavras que ele entende, mas normalmente não usa no seu cotidiano. Em linguística, porém, geralmente não se fala do vocabulário de uma determinada língua, e sim do seu léxico, o inventário total de palavras disponíveis aos falantes 2. Conjunto de recursos lexicais, que incluem os morfemas da língua e mais os processos disponíveis nela para construir palavras com esses recursos.
Língua: subs. fem. 1. Órgão que, graças a sua flexibilidade, mobilidade e situação na cavidade bucal, desempenha o papel principal na fonação 2. Organização de sons vocais específicos, ou fonemas, com que se constroem as formas linguísticas. Uma língua se distingue da outra pelo sistema de fonemas e pelo sistema de formas, bem como pelos padrões frasais, em que essas formas se ordenam na comunicação linguística 3. Objeto central de estudo em linguística. (DUBOIX, Jean. 1973, pág. 386)
Linguagem: subs. fem. 1. Capacidade específica à espécie humana de comunicar por meio de um sistema de signos vocais que coloca em jogo uma técnica corporal complexa e supõe a existência de uma função simbólica e de centros nervosos geneticamente especializados (Dubois, 1973, pág. 387) 2. Faculdade que tem o homem de exprimir seus estados mentais por meio de um sistema de sons vocais chamado língua, que os organiza numa representação compreensiva em face do mundo exterior objetivo e do mundo subjetivo interior. Por meio da linguagem, ou fala, faz-se a comunicação entre os homens. (Câmara Jr, 1968, pág. 225)
Linguística: subs. fem. 1. O estudo da linguagem humana, na sua manifestação como língua. É uma ciência que observa e interpreta os fenômenos linguísticos numa dada língua para depreender os princípios fundamentais que regem a organização e o funcionamento da faculdade da linguagem entre os homens. A princípio concentrava-se nos fenômenos de mudança linguística através do tempo (diacronia), como linguística comparativa, especialmente indo-europeia, baseada na técnica do comparatismo. Hoje o âmbito se alargou, distinguindo-se, ao lado do estudo histórico (linguística diacrônica), o estudo descritivo (linguística sincrônica), porque a estabilidade aparente da língua, sendo uma realidade social, é que a permite funcionar nos grupos humanos como meio essencial de comunicação e esteio de toda vida mental – individual e coletiva. (Câmara Jr, 1968, pág. 226)
Psicolinguística: subst fem 1. Estudo das conexões entre a linguagem e a mente, o interesse que é crescente dentro deste estudo é sobre a aquisição da linguagem.
Sociolinguística: subst fem 1. Estudo da variação na língua ou, mais precisamente, como o estudo da variação no interior de comunidades de fala.
Referências
CÂMARA Jr. Joaquim Mattoso. Dicionário de linguística e gramática. ed Rio de Janeiro : Vozes. 1978
DUBOIS, Jean. Dicionário de linguística. ed São Paulo: Cultrix. 1973
TRASK, Robert Lawrence. Dicionário de linguagem e linguística. ed São Paulo : Contexto. 2006
PERINI, Mário Alberto. Princípios de lingüística descritiva: introdução ao pensamento gramatical. SP: Parábola, 2006
Conversamos com o Prof. Adail Sebastião Rodrigues Júnior, do Departamento de Letras da UFOP, sendo
Em artigos anteriores, vimos como a investigação da Língua numa perspectiva científica é eficiente e
Por Roberta Úrsulo No reino animal, a comunicação desempenha um papel vital na sobrevivência e
Conversamos com o Prof. Adail Sebastião Rodrigues Júnior, do Departamento de Letras da UFOP, sendo
Em artigos anteriores, vimos como a investigação da Língua numa perspectiva científica é eficiente e
Por Roberta Úrsulo No reino animal, a comunicação desempenha um papel vital na sobrevivência e